Clementino José Gonçalves Amaro; Fernanda Cristina Martins Gonçalves; Maria Isabel Garrido Prudêncio; Maria Isabel Marques Dias , 2018: Garrocheira, Figlinae Hispanae, https://figlinaehispanae.icac.cat/yacimiento/garrocheira/
DOI: https://doi.org/10.51417/figlinae_033
O centro oleiro da Garrocheira situa-se na freguesia e concelho de Benavente, distrito de Santarém. Fica a cerca de 1km para sudoeste do lugar da Garrocheira, num local designado Courela do Marco. Atualmente fica na margem direita do rio Sorraia a cerca de 1.5km de distância. No período romano o rio tinha um braço de rio que passava junto à olaria e que os mais idosos trabalhadores ainda conhecem a atual vala por “rio Velho”. Ainda subsiste o topónimo, na várzea fronteira, de Farinhão (ilha fluvial).
A olaria foi posta à vista nos anos sessenta com a movimentação de terras para a construção do canal de rega de Salvaterra de Magos.
Visitámos o local em inícios dos anos oitenta do século passado e procedemos à primeira escavação arqueológica em 1987. Seguiram-se duas outras curtas campanhas em 2004 e 2010.
O centro de produção oleira da Garrocheira sugeria um período de laboração a partir de meados do século I até, pelo menos, finais do século II d.C. no fabrico da ânfora Dressel 14 e loiça doméstica. No entanto as intervenções arqueológicas em curso (projecto de investigação 2015-2018) permitem, em 2017, confirmar a existência de uma segunda entulheira e onde se regista indícios da presença de um terceiro forno, confirmação esta a concretizar em 2018.
Este novo sector revela a presença de materiais mais tardios e mais diversificados – a ânfora Dressel 14 tardia, almofarizes, talhas de grandes dimensões, ladrilhos – o que permite propor a laboração do centro oleiro até primeira década ou primeiro quartel do século III.
A par da investigação no terreno, decorre no Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico (CTN/IST) a caracterização química das pastas cerâmicas aqui utilizadas, a fim de certificar a sua origem em relação a outros locais de fabrico, a partir de um conjunto de amostras já próximo do número mínimo fiável e internacionalmente reconhecido.
Iremos igualmente ter a participação de uma doutoranda, bolseira da FCT, num projecto sobre o estudo das variações do campo geomagnético durante o período romano, e que irá proceder à recolha e análise de amostras dos fornos da Garrocheira, a realizar em Maio/Junho de 2018.
No mesmo período, irá decorrer um ensaio na Garrocheira com um drone, em fase de ensaios por uma instituição universitária, a fim realizar no local testes de deteção magnética de anomalias no terreno, no caso presente, da eventual existência de novos fornos e outras estruturas associadas à produção oleira.