Fases de actividad
Fase de actividade
O estudo das fases de actividade de laboração da olaria encontra-se, neste momento, em preparação, já que estamos a proceder ao tratamento do vasto espólio exumado, a organizá-lo por entulheiras e dentro destas, por contextos.
O Projecto de Investigação Plurianual de Arqueologia (PIPA) foi aprovado e iniciado em 2015 e tem o seu fim em 2018.
Numa primeira avaliação e pela tipologia e presença de lábios em fita da ânfora Dressel 14, apontamos para o início da produção, meados do século I d.C.
O centro oleiro terá produzido em pleno e de forma mais intensa no século II, com destaque para o tipo de lábios perolados e de perfil triangular, associados a formas cerâmicas de loiça doméstica, integráveis nas produções do século II e com paralelos registados em contextos arqueológicos datados deste período.
Espacios documentados
Barreiro
Tipo de espacio: Canteras al aire libre
De acordo com a recolha de amostras e estudo desenvolvidos por Maria Isabel Prudêncio e Maria Isabel Dias, do Campus Tecnológico e Nuclear/Instituto Superior Técnico, o barreiro foi identificado a cerca de 500 metros a poente do centro oleiro (local identificado como Furão).
Tanque de decantação
Tipo de espacio: Piletas de decantación de arcilla
Foi desmontado um tanque de decantação nos anos sessenta do século XX, e depositado no local, no momento em que foram retiradas terras por uma retroescavadora para a construção do “canal de rega de Salvaterra de Magos”, momento em que foi identificado o arqueossítio.
Edifício da olaria
Tipo de espacio: Edificios alfareros
No topo superior do talude, a uma cota média de 8.00 metros, (coincidente com o traçado de um antigo caminho vicinal, entretanto desviado) foi identificado um troço de muro de delimitação do presumível pátio de trabalho da olaria. Esta estrutura encontra-se ao nível apenas do alicerce. Possui uma porta que daria acesso à mata da Garrocheira, cobertura vegetal que existiu até meados do século XIX. Registou-se um conjunto de tijoleiras no seu interior, mas maioritariamente desviadas do seu posicionamento inicial.
Fornos
Tipo de espacio: Hornos
O Forno 1 foi cortado sensivelmente a meio no momento em que foram retiradas terras do talude nos anos sessenta do século XX. Trata-se de um forno de planta circular, com cinco suspensuras paralelas com corredor central. Tem um diâmetro externo de 3.20 metros.
Apresenta vestígios do corredor de acesso à câmara de combustão com cerca de 1.00 metro de comprimento e direcionada a sudoeste. A câmara de combustão encontra-se lajeada desde a parede lateral até à base do arranque das suspensoras. O forno é edificado em tijolos e as suspensuras em tijoleiras. A altura preservada do forno é de cerca 1.50m.
O forno 2 foi localizado em 1987 na sequência da primeira escavação arqueológica do centro oleiro. Localiza-se imediatamente a sueste do forno 1. Forno de planta circular, com duas suspensuras paralelas com corredor central. O fundo da câmara de combustão apresenta-se ligeiramente concava e foi aberto no manto de cascalho presente no local, sendo o fundo constituído por seixos rolados. O forno apresenta uma estrutura de suporte de presumível telheiro de proteção ao acesso à câmara de combustão. Registou-se vestígios do prefurnium aberto no solo de base.
Foram identificados dois pilares de apoio de presumível cobertura, fronteira ao forno 2, embora não relacionados entre si. Um dos pilares localiza-se a cerca 1,50m do prefurnium e o segundo a cerca de 3.50m.
Entulheiras
Tipo de espacio: Testares
A campanha de escavação arqueológica de 2017 veio revelar e confirmar a existência de duas áreas de entulheira separadas por um “corredor” constituído pela cascalheira local.
Entulheira 1 – Desenvolve-se imediatamente a sudeste do forno 2. Esta caracteriza-se pela dominante presença de fragmentos da ânfora Dressel 14. Destaca-se ainda a exumação de fragmentos de loiça de caráter essencialmente doméstico, correspondendo quase exclusivamente a peças de pequena dimensão.
De destacar a localização de um conjunto de bocas de ânfora sugerindo um alinhamento de uma estrutura algo complexa. Poderá tratar-se de sistema de drenagem, embora a sua função não seja clara, faltando ainda conhecer o seu eventual desenvolvimento para nascente.
Entulheira 2 – A segunda entulheira fica mais afastada dos dois fornos, a sul/sudoeste. Encontra-se em fase de escavação, com início na campanha de 2016. Na intervenção de 2017 deu-se início à escavação de um amontoado de tijolos típicos de forno, derrube formando um tosco semicírculo e vestígios do que terá sido um corredor de acesso aberto no solo de base. Poderemos estar perante a presença de um terceiro forno, realidade a confirmar no decurso da intervenção arqueológica prevista para 2018.
A entulheira mantem a presença da ânfora Dressel 14. No entanto registam-se algumas características que sugerem tratar-se de uma entulheira com uma produção eventualmente mais tardia, já que aqui começam a surgir maior número de fragmentos anfóricos associáveis à ânfora Dressel14 tardia. Para além deste facto, só esta entulheira apresenta fragmentos de almofariz, bem como fragmentos relacionáveis com grandes contentores e exemplares de ladrilhos.