Ana Margarida Arruda , 2018: Quinta do Lago, Figlinae Hispanae, https://figlinaehispanae.icac.cat/yacimiento/quinta-do-lago-autora-ana-margarida-arruda/
DOI: https://doi.org/10.51417/figlinae_035
O sítio arqueológico da Quinta do Lago, por vezes também designado por Tejo do Praio, localiza-se na freguesia de Almansil, no Concelho de Loulé (Algarve, Portugal). Foi alvo de escavações de emergência no contexto da construção de um campo de golfe, tendo ficado claro que o espaço tinha sido ocupado durante as épocas romana e islâmica, ao longo de uma cronologia balizada entre o século I e o XII. Implanta-se em terrenos de baixa altitude, próximos da ria, concretamente do Esteiro do Ancão.
A ocupação romana é dominada, em termos arquitectónicos, por um conjunto de cinco tanques que faziam parte de uma unidade fabril destinada à produção de preparados de peixe. Nas áreas que circundavam esta unidade “fabril” e mesmo nos níveis de entulhamento dos tanques, foram recolhidos abundantes materiais que testemunham a associação direta desta produção ao fabrico de ânforas destinadas ao envase e transporte do produto obtido nestas caetariae. Trata-se de blocos informes de bordos, fundos e paredes de ânforas colados, por refusão, uns aos outros, bem como de fragmentos destas mesmas ânforas, sobre-cozidos e, por vezes, vitrificados, que atestam circunstâncias de cozeduras não conseguidas, concretamente acidentes de cocção, o que por sua vez certifica a existência de um, ou de vários, fornos nas proximidades imediatas. Note-se ainda que estes blocos e os fragmentos deformados foram recolhidos, na maior parte dos casos, próximos uns dos outros. Infelizmente, estes fornos localizavam-se em área onde não foi possível escavar, concretamente na propriedade vizinha, a Quinta do Ludo.